Uma visão errada do que é uma biblioteca… mas qual é a certa? 4fi33

Acabo de ler a seguinte matéria no G1: “Com ‘escola da vida’, ex-feirante ajudou a criar mais de 10 bibliotecas em SP”. Foi uma matéria feita em razão do Dia Mundial do Livro e traz a história de superação de um ex-feirante que hoje atua na formação de bibliotecas em bairros periféricos. Sinceramente, ele tem todos os méritos e de ser aplaudido.
Mas (sempre tem um mas), eu ainda acredito que o papel que ele está desempenhando é do Estado (seja ele Federal, Estadual ou Municipal). o à uma biblioteca deveria ser um direito do cidadão. Temos que acreditar nisso. Mas ai volto a uma questão anterior. Há alguma biblioteca que possa ser encarada de exemplo de serviço adequado ao cidadão? Que seja apoiada pelo Estado e que este dê condições para que funcione plenamente e possa criar serviços relevantes. A grande maioria das bibliotecas, tem bons profissionais, mas não condições adequadas de funcionamento. Então pergunto como a população poderia brigar para ter algo que não conhece?
O caminho é longo. Mas é acredito que precisamos vender a imagem de biblioteca mantida pelo poder público e não apenas as bibliotecas criadas bravamente por algum esforço individual.


12 respostas para “Uma visão errada do que é uma biblioteca… mas qual é a certa?” 1d27w

  1. Tiago,

    Suas colocações trazem alguns pontos interessantes para a nossa reflexão. Concordo contigo quando você afirma que o o à biblioteca, e eu diria à informação, deveria ser um direito do cidadão, e por conseguinte, dever do Estado. Contudo, para botar um pouco mais de tempero na conversa, ao invés de responder a seu questionamento sobre a biblioteca exemplar, vou colocar outra pergunta. Quando você fala em “biblioteca exemplar” e também em “dever do estado” me faz lembrar um tema com o qual periodicamente nos deparamos, a democratização da informação. Não somos poucos, os(as) profissionais da informação que levantamos essa bandeira e que a incorporamos em nossos discursos. Contudo, ao me deparar com tal discurso – do qual muitas vezes lanço mão – fico me perguntando se isso não a de uma utopia. Em que medida, no nosso cotidiano e na nossa prática profissional, estamos trabalhando por esta democratização? Quais as ações que realizamos em nossos ambientes de trabalho para promover essa tão falada cidadania? …

  2. Agora me pergunto: Quantas dessas bibliotecas, surgidas da vontade de um indivíduo, sem o aparato do Estado, foi criada por um Bibliotecário(a)??? heim heim???

    Sinceramente, esperar do Estado as medidas necessárias para uma transformação, seja ela em que âmbito for, ai sim, é esperar demais.

    Vide o que ei em um hospital público semana ada com minha vó doente, e em estado grave. Ela numa maca no corredor por três dias, em que tivemos que levar tudo, até lençol. Vou esperar que o Estado se compadeça? primeiro tomo as medidas necessárias pra suplantar, ou agilizar um processo que é de responsabilidade do Estado sim, mas como é de caráter emergencial…resolvo logo ou me fodo. Depois protesto, processo, faço o escambau e brigo com o mundo.

    É a mesma coisa com o cidadão que cria bibliotecas, e disponibiliza o ao conhecimento aos seus iguais que esperam do mesmo Estado as medidas que são de sua responsabilidade.

    Brasilsilsilsillllllll!!!!

  3. Tiago, é meu dever manifestar minha discordância de você, quando diz que “o papel que ele [o ex-feirante] está desempenhando é do Estado”. O dever do Estado (que por princípio detem o monopólio legítimo do uso da força), neste caso como em tantos outros, é indireto, ou seja: sua principal função é fornecer as condições para que os cidadãos exerçam da melhor forma possível suas aptidões e interesses em benefício da coletividade. Por exemplo, garantindo a segurança pública para que o feirante-bibliotecário tenha tranquilidade em seu trabalho, que é uma verdadeira paixão para ele. Creio que estamos todos (mal) acostumados a esperar que “o Estado” resolva nossos problemas ou, pelo menos, tendemos a superdimensionar suas tarefas. Dizendo isto, não pretendo diminuir a importância do poder público; ao contrário, desejo que ele seja realmente eficaz naquilo que só ele pode fazer: cuidar da ordem pública, para que possamos todos trabalhar em paz tendo em vista o bem comum.

    Abraços, e parabéns pelo BSF!

  4. Oswaldo,

    Eu acredito que não estou superdimensionando o papel do Estado não. O próprio Estado foi criado com grandes direitos (alta carga tributária) e muitos deveres decorrentes disso. Pagamos para manter um Estado Social forte e as atribuições do tipo de Estado que existe é que ele forneça condições de desenvolvimento para o País, não somente mantenha a ordem social. As bibliotecas estão intimamente ligadas ao desenvolvimento e portanto fazem parte, do meu ponto de vista, do papel do Estado. O que precisamos é criar uma consciencia nos nossos governantes disso.

  5. O que é que a Constituição diz que o Estado deve garantir? Para o Estado garanta condições que todos “exerçam da melhor forma suas aptidões” é preciso garantir educação, cultura, informação e isso tudo que se encontra em bibliotecas. Não apenas “segurança”. Como o Estado não faz, a gente vai se virando.

  6. Também acho que é um dever do Estado. O fato de termos um estado inoperante e negligente não o livra de suas responsabilidades. Principalmente porque pagamos (e muito) para que o Estado cumpra essas responsabilidades. Precisamos trabalhar 4 meses no ano só para pagar os impostos. Prá quê???

    Agora, aos que defendem um discurso liberal, de desobrigação do Estado em suas responsabilidades fundamentais, então que defendam também a minimização ou até mesmo o fim dos impostos pagos por nós.

  7. Penso que de nossas falas estão emergindo duas questões, próximas, mas distintas. A primeira, que me parece esta chamando maior atenção gira em torno das obrigações do Estado. Enfim, qual o papel dessa entidade que paira sobre nossas cabeças e que chamamos de Estado? Bem, está lá na Constituição, uns podem dizer. O Estado tem seus deveres, porém, todos sabemos que o fato de nossos direitos estarem garantidos pela lei, nem sempre eles saem das leis para o nosso cotidiano, como bem lembrou o Caue em seu relato sobre o atendimento em um hospital público. Talvez fosse interessante deslocar a questão de “Qual é o papel do Estado?” ou qual deveria ser, para “qual é o estado que temos?”
    Decorrente dessas questões emerge a segunda pergunta que apareceu nas falas aqui expostas. “E nós com isso?” Ou formulando de outra forma, qual tem sido nosso papel enquanto profissionais da informação no que se refere a promoção desses direitos? Será que algo nos cabe neste latifúndio?

  8. O dever do Estado de promover o o a cidadania é inquestionavel, porem ele caminha em os lentissimos enquanto que a informacao, esta nao caminha, corre! Concordo com Cauê quando diz que esperar do Estado é demais.Educacao é uma coisa primordial e o governo(Estadual,municipal, etc)só nao investe nela porque sabe do poder da informacao! Tambem me questiono sobre nós Bibliotecarios(ou futuros) quantos de nós estamos engajados nestes projetos comunitarios… todos sabemos que montar uma biblioteca e principalmente mantê-la dá trabalho e se alguem mesmo,não tendo esta consciencia, resolve monta-la. Aleluia! temos que agradecer, e mais: nos unir a ela!

  9. No seminário de políticas de incentivo à leitura nos dias 14, 15 e 16 de abril próximo ado em Belo Horizonte, esteve presente um rapaz que montou uma “borrachalioteca” ( uma borracharia com uma biblioteca) e tem uma frequência incrível de usuários especialmente pela facilidade de o aos livros tanto para pesquisas quanto para lazer.Na mesma cidade existe uma biblioteca pública municipal… Aliás, em MG todos os municípios possuem uma biblioteca Municipal instituida. Palmas para Minas e saudações a todos que lutam pelo o aos livros!!

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